Edvard Munch


Pois e... e bastante interessante o que se descobre na internet.
Faz hoje, dia 12 de Dezembro 143 que nasceu o pintoe Edvard Munch.

"Quando jovem, Edvard Munch formulou um tipo de manifesto, um lema para ele mesmo e seus jovens companheiros de pintura em Christiania se reunirem ao redor de: "Queremos mais do que uma mera fotografia da natureza. Nao queremos pintar quadros bonitos para serem pendurados nas paredes das salas de visitas. Queremos criar uma arte que de algo a humanidade, ou ao menos assentar suas fundacoes. Uma arte que atraia a atençao e absorva. Uma arte criada no emago do coraçao." Munch, no entanto, foi o unico artista noruegues da sua geracao a seguir esse caminho. Manteve-se um individualista declarado, que se via como um elo de uma corrente de artistas como Michelangelo, Rembrandt, Manet, Van Gogh e Gauguin cujos profundos compromissos pessoais e intelectuais enfatizavam o aspecto humano de sua arte. Uma passagem freuentemente citada de seu diario e caracteristica: "Nao devemos pintar interiores com pessoas lendo e mulheres tricotando; devemos pintar pessoas que vivem, respiram, sentem, sofrem e amam". Embora nao estivesse se esforçando sozinho por alicerces pessoais para sua arte, nenhum outro pintor desenvolveu um simbolismo 'particular' tao distinto, forjado em suas proprias experiencias traumaticas. A analise desapaixonada de seus pensamentos e temores mais intimos necessitavam de "uma arte que e o resultado de uma necessidade compulsiva de abrir seu proprio coraçao". Ele nao so lutou pelo subjetivismo como tal, mas teve como objetivo estabelecer valores universais atraves dos individuais, pela cristalizaçao das imagens das emocoes mais profundas do homem - amor, morte e angustia, que retiveram suas propriedades primitivas evidentemente esquecidas pela civilizacao burguesa do seu tempo. Com referencia a Gauguin, um de seus amigos em Berlim escreveu, em 1893: "(...) Ele (Munch) nao precisa viajar para o Taiti para ver e vivenciar o primitivo na natureza humana. Ele carrega consigo o seu proprio Taiti ..." Na Christiania, como Oslo era chamada ate 1924, Munch inicialmente aprendeu um estilo naturalista de pintura que dependia muito do estudo da propria natureza. Na epoca, por falta de uma academia norueguesa de artes, a educaçao tradicional sobre pintura era substituida pela ideia de auto-estudo para promover a originalidade e a verdade, geralmente com um artista mais velho agindo como 'parteira'. Esse estado de coisas proporcionava algumas vantagens financeiras para artistas jovens da geracao de Munch, que mal podiam arcar com as despesas de uma educacao formal em academias no exterior. Embora fosse descendente direto de uma das mais tradicionais familias da Noruega, que incluia clerigos em altas posicoes hierarquicas, intelectuais e artistas, o pai de Munch, um cirurgiao militar promovido de tenente a capitao, tinha poucos recursos financeiros. A infancia de Munch foi marcada pela depressao do pai, concentrada em assuntos religiosos, sua saude sempre fragil e as doencas e mortes de sua mae e sua irma Sofia. Ele nunca conseguiu escapar completamente dessas tristes lembrancas, recordacoes que mais tarde se tornaram importantes incentivos para uma expressao psicologica em sua arte. Com a assistencia financeira de seu rico colega mais velho e parente, Fritz Thaulow, Munch passou tres semanas visitando a Exposicao Mundial de Antuerpia (onde exibiu um retrato) e em Paris, na primavera de 1885. Depois dessa viagem, pintou trabalhos inspirados nas tendencias mais radicais da arte parisiense, descritos pela imprensa como "o extremo do impressionismo, a imagem da arte de dentro para fora", e foi classificado como "o pintor das coisas feias". Embora fosse considerado o artista mais talentoso da sua geracao, ele evidentemente se recusou a lutar pelo sucesso imediato, pois sua ambicao era desenvolver o meio de pintura para compreender a comunicacao existencial. Foi nessa epoca que Munch começou a pintar o que se tornaria um de seus mais importantes temas, A Crianca Doente. Neste retrato da lembranca da triste impressao da irma morrendo, ele parece ter rompido as amarras do naturalismo e encontrado uma linguagem mais poderoso capaz de expressar as emocoes pessoais mais fortes. Em retrospectiva, ele acreditava que essa obra de arte havia sido a semente para seus trabalhos posteriores de grande expressao sobre recordacoes pesarosas. Mais tarde ele iria resumir como "um quadro totalmente nervoso, cubista e sem cor", como o seu "primeiro rompimento com o impressionismo". Em abril de 1889, Munch fez uma exposicao retrospectiva de 63 quadros e um grande numero de desenhos na Associacao de Estudantes de Christiania. Era algo de que nunca se ouvira falar: um artista jovem e controverso fazer uma exposicao sozinho. De acordo com o jornal Aftenposten, a retrospectiva "revelou muita audacia e falta de autocritica". Entretanto, impressionado pela intensidade e profundidade do trabalho de Munch, seu professor, ou melhor 'a parteira', o pintor e tambem diretor da associacao, Christian Krohg, escreveu uma critica entusiastica no jornal Dagbladet: "Ele pinta - ou melhor dizendo -, ve as coisas de uma maneira diferente em relacao a outros artistas. So ve a essencia e, consequentemente, so pinta isso. E por esse motivo que os quadros de Munch via de regra sao 'nao- terminados', como as pessoas tem tanto prazer em dizer. Ah sim! Estao terminados. Terminados por suas maos. A arte esta completa quando o artista diz tudo o que realmente tem a dizer, e essa e a vantagem que Munch tem sobre varias geracoes de pintores; ele tem a rara capacidade de nos mostrar como se sentiu e o que o impulsionou, fazendo com que todo o resto se torne sem importancia." A reputacao de Munch como artista extraordinario e peculiar estava se expandindo. Munch recebeu o premio de viagem do governo noruegues que permitiu que ficasse na França por longos periodos durante os tres anos seguintes, absorvendo impulsos de todas as diferentes correntes modernas desses tempos vibrantes da arte europeia. Em 1891, de ferias na Noruega, no balneario costeiro de Asgardstrand, Munch pintou o que mais tarde se tornou o primeiro tema de uma serie de pinturas que contemplavam o desabrochar das forcas sexuais da natureza entre um homem e uma mulher, espelhando a filosofia pessimista de Schopenhauer e o medo e a angustia ligados a sexualidade na tradicao religiosa protestante da Noruega. Quando Anoitecer foi mostrado na Exposicao de Outono em Christiania, foi inicialmente ignorado pela imprensa, mas comentado entre os colegas artistas como sendo extremamente provocativo pela utilizacao nao-tradicional de diferentes tecnicas - uma mescla de oleo, pastel e lapis deixando grandes areas da tela descobertas. Entretanto, Christian Krohg escreveu que a pintura (provavelmente olhando tambem para uma segunda versao mais sintetizada que foi pintada simultaneamente) tinha uma "qualidade seria e severa, quase religiosa... relacionada ao simbolismo - o movimento atual da arte francesa..." Uma figura curvada no primeiro plano baseou-se em Jappe Nilssen, de 21 anos, um aspirante a autor - amigo e parente de Munch - que, durante o verao em Asgardstrand, teve um caso apaixonado com a artista Oda Krohg, dez anos mais velha e mulher de Christian Krohg. As anotacoes literarias de Munch desse periodo misturam observacoes sobre o tragico romance de seu amigo com as suas recordacoes reacesas do caso que tivera seis anos antes, com outra mulher casada, no mesmo local e com exactamente a mesma idade do seu 'modelo'. Essas anotacoes quase freneticas recordando suas experiencias eroticas cheias de angustia, bem como rascunhos literarios posteriores, indicam que Munch, utilizando-se dos sentimentos de seu amigo mais jovem como ponto de partida, descobriu a possibilidade de fornecer uma imagem objetiva com recordacoes e reminiscencias subjetivas. Munch iria repetir os temas muitas vezes nos anos subsequentes, concentrando-os em forma e conteudo. A vida toda iria espelhar-se nesses temas, no que chamou de 'copias experimentais', variando o seu impacto psicologico. Em março de 1892, Munch encontrou-se com o pintor noruegues Christian Skredsvig, em Nice. Skredsvig escreveu o seguinte sobre a visita de Munch: "Faz algum tempo que ele quer pintar as lembranças de um por-do-sol. Vermelho como sangue. Nao, era realmente sangue coagulado. Mas ninguem o veria do mesmo jeito. Qualquer outra pessoa iria pensar em nuvens. Falar delas fazia com que ele ficasse triste e irrequieto. Triste porque os humildes meios disponiveis para a arte nunca eram suficientes. 'Ele esta lutando pelo impossivel e seu proprio desespero e a sua fe', pensei, mas sugeri que ele o pintasse. E ele pintou este curioso 'grito'." Munch se referia a esta pintura, hoje conhecida como Desespero, como "o primeiro Grito". O close-up da figura de primeiro plano de perfil, usando um chapeu mole e olhando sobre a cerca, tem a caracteristica de um auto-retrato. Um desenho do mesmo ano ilustra como Munch imaginou a composicao, estendendo as nuvens cor de sangue na tela e dando a figura de primeiro plano uma posicao espacial proeminente, para transmitir a sua poderosa mensagem. O texto que acompanhava o desenho confirma que foi a mesma experiencia retratada nos temas Desespero e Grito. "Passeava pela estrada com dois amigos, olhando o por-do-sol, quando o ceu de repente se tornou vermelho como sangue. Parei, recostei-me na cerca, extremamente cansado - sobre o fiorde preto azulado e a cidade estendiam-se sangue e linguas de fogo. Meus amigos foram andando e eu fiquei, tremendo de medo - podia sentir um grito infinito atravessando a paisagem." Em 1892 Munch foi convidado a expor na Associacao de Artistas de Berlim, onde seus quadros causaram tamanho escandalo que a exposicao teve de ser fechada em uma semana. Munch se tornou o tema das conversas e a sociedade literaria e artistica de Berlim o acolheu socialmente. No entanto, ele gradualmente gravitava em direcao ao circulo literario mais radical, centrado ao redor de August Strindberg. Embora predominantemente escandinavo, o grupo tambem incluia o escritor polones Stanislaw Przybyszewski, o historiador de arte alemao Julius Meier-Graefe e o jovem autor alemao Richard Dehmel. O interesse do grupo concentrava-se no simbolismo, na filosofia de Nietzsche, e estava acima de tudo obcecado pela psicologia, eroticismo e fantasias sobre a morte, o que pode ter dado novas forcas aos temas de Munch, em especial suas imagens de Amor, Angustia e Morte. Ao trabalhar a partir de seus muitos esbocos literarios ele transpos as experiencias de sua infancia e juventude para uma linguagem 'expressionista' condensado em que o uso da cor e simbolico e sugestivo em vez de descritivo. Tambem aplicou um repertorio de formulas pictoricas, bem como uma gama de sinais e simbolos, que continuava repetindo e variando, como por exemplo, o reflexo falico da lua no mar, o jovem homem quase estereotipado - o alter-ego do artista - e as figuras femininas contrastantes, vestidas em cores claras e escuras. Durante os anos de 1896 a 1898, Munch voltou a viver em Paris onde se misturou com um circulo de artistas e musicos. Foi convidado a ilustrar Les Fleurs du Mal de Baudelaire, mas o projeto foi cancelado quando o editor morreu. Fez cartazes para Peer Gynt de Ibsen, para John Gabriel Borkman no Theetre de l'Oeuvre, e expos no Salon des Independants e na Bing's L'Art Nouveau Gallery. Munch era agora um artista maduro, trazendo consigo para Paris suas obras principais, mas a extensao de sua influencia na arte francesa durante esse tempo e discutivel. Entretanto, os efeitos estimulantes de Paris refletem-se nas obras-primas que Munch produziu logo depois da virada do seculo, temas geralmente liricos e harmoniosos como o eroticismo das noites claras do verao nordico. Ate o inicio da Primeira Guerra Mundial, em 1914, Munch expos varias vezes na Franca, e ha indicios de que seu "novo uso artistico das cores" tenha influenciado os fauvistas franceses antes de eles exporem como um grupo em 1905. Nesse contexto, os comentarios de Christian Krohg, num artigo de 1909, mostram-se interessantes: "Concluindo, se eu fosse dar uma impressao de Matisse como pintor, diria que ele se parece com Edvard Munch. Acho que Munch e o pai do matissismo, embora ele possa, talvez, desconhecer seu filho". A reconhecida influencia de Munch sobre os jovens artistas da Europa do Norte, principalmente sobre os pintores expressionistas alemaes, esta refletida no seu sucesso abrangente na Alemanha, apos a virada do seculo. Nesse periodo ele continuou a viver e trabalhar na Alemanha - pintando varios retratos monumentais, em tamanho natural, paisagens em cores vibrantes fortes e, notavelmente, uma versao agressiva de sua serie de temas sobre o amor. Em 1912, foi dada a Munch uma sala especial na famosa Exposicao Sonderbund em Colonia, onde foi reconhecido como a maior influencia viva no desenvolvimento da arte moderna contemporanea europeia. No ano seguinte, em Berlim, ele e Picasso eram os unicos artistas estrangeiros convidados a ter salas especiais na Exposicao de Outono, em reconhecimento a importancia de ambos para os jovens artistas alemaes que surgiam. Entretanto, enquanto as tendencias de vanguarda na arte moderna se desenvolveram na direcao do futurismo e do cubismo, ou, no caso de Kandinsky, para o abstrato, Munch percebia o mundo exterior por meio do uso livre da perspectiva central, o que continuou sendo um dos elementos principais de sua arte humanistica. Entre as guerras, Munch levou uma vida reclusa em sua casa em Ekely, nos arredores de Oslo, vendo somente os amigos mais chegados. Um outro grupo de temas desses anos tardios retrata o artista e a modelo, em que Munch analisa a relacao entre um homem mais velho e uma mulher mais nova. Comparados com suas severas salas feito caixas, os interiores agora aparecem repletos de objetos, com portas que levam a uma sucessao de outras salas. Entre 1932 e 1935 Munch fez 'copias radicais' vibrantes de seus temas iniciais sobre o amor. Pode ter sido influenciado por artistas do grupo Bracke, em especial pelo colorido violentamente exagerado de Karl Schmidt-Rotluff, cujo trabalho foi incluido numa exposicao abrangente da arte alema na Kunstnernes Hus em Oslo em 1932, sob o patrocinio de Edvard Munch. Nas ultimas decadas de sua vida, Munch produziu uma serie de auto-retratos em que tracou, ano a ano, o seu progresso fìsico e mental em direcao a morte que se aproximava."


Um incompreendido, mas na verdade um genio...

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